29/03/2005 14h43 – Atualizado em 29/03/2005 14h43
MS Noticias
O Pantanal recebe nesta época do ano turistas do mundo inteiro que vêm exclusivamente para observar ou fotografar pássaros. Neste período, encerra-se a Temporada das Águas, época ideal para avistar as mais de 373 espécies de aves catalogadas na reserva. São tuiuiús, tucanos, araras, garças, biguás e muitos mais.
Empreendimento pioneiro e modelo de integração das atividades de ecoturismo e pecuária em prol da conservação da fauna e flora pantaneiras, o Refúgio Caiman também é sede de pesquisas de referência internacional de preservação de espécies como Arara Azul e Onça Pintada.
Outro forte atrativo é o profissional Vitinho, guia pantaneiro especialista na localização e identificação das aves da região. Nascido e crescido na fazenda, desde muito cedo, travou contato com os turistas apaixonados por birdwatching (observação de pássaros).
Sem falar uma palavra em inglês, aprendeu os nomes das espécies e a manejar os equipamentos. Com o tempo, sua lista de espécies observadas fazia inveja a qualquer birdwatcher veterano. Os grupos internacionais aram a exigi-lo como guia de campo e, atualmente, qualquer visitante do empreendimento pode degustar o “eio Vitinho”, um programa opcional, pago à parte.
Arara azul
Uma das estrelas que atraem os turistas internacionais é a arara azul (Caiman também é um centro de reprodução das aves que estão ameaçadas de extinção). A cada ano, pelo menos cinqüenta aves da espécie nascem no local, segundo relatório apresentado pelo “Projeto Arara Azul”, organização não-governamental de proteção da espécie, cuja base encontra-se na própria Caiman.
A arara azul grande (Anodorhynchus hyacinthinus) se destaca por sua rara beleza e por ser o maior dos psitacídeos (papagaios, periquitos, araras, maritacas etc) existentes, chegando a medir um metro da ponta do bico à ponta da cauda, com peso de 1,3 kg. O verde que caracteriza a paisagem pantaneira facilita a visualização da arara azul, que se distingue neste cenário por voar em pequenos bandos ou em pares.
Birdwatching no Brasil
Como Tom Jobim gostava de lembrar, o Brasil é o país do mundo que mais abriga espécies de arinhos. “Veja a idéia do ser humano. O arinho voa, então vamos colocá-lo numa gaiola”, criticava o maestro. Da mesma maneira, o conceito de observação de pássaros – birdwatching ou simplesmente birding, como é conhecido internacionalmente – valoriza os animais em seu habitat natural, nada de gaiolas. A graça está em não apenas conhecer e reconhecer as espécies e seus nomes, mas em ouvir os cantos e pios, e em observar o comportamento dessas aves e sua relação com o restante da natureza.
A atividade vem crescendo bastante no mundo. De acordo com uma recente pesquisa norte-americana realizada pelo U.S. Fish and Wildlife Service, apenas nos Estados Unidos, mais de 51 milhões de pessoas declaram ter o hábito de observar pássaros.
Durante a estação das águas, a “família” do Pantanal é ampliada com a chegada de aves migratórias, vindas do Hemisfério Norte. A fartura de alimentos e o clima quente são os principais atrativos para os pássaros. Do total de espécies de aves catalogadas no refúgio ecológico, pelo menos 50 são espécies migratórias, que am pela região entre os meses de outubro e março.
Instalado no município de Miranda (MS), numa fazenda de 53 mil hectares – dos quais 5,6 mil hectares são área de reserva ecológica privada e centro de pesquisas biológicas -, o refúgio oferece a seus hóspedes diariamente uma grade de eios orientados e acompanhados sempre por dois guias: o caimaner (especializado) e o guia de campo, nativo da região.