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Três Lagoas
sexta-feira, 6 de junho de 2025

Silêncio sobre UFN3 predomina e Três Lagoas não vê nem sinais de retomada da obra, apesar das promessas

As obras da unidade foram paralisadas em 2014, durante o auge da Operação Lava Jato. A Galvão Engenharia estava entre as empresas envolvidas no esquema de corrupção. Em 2024, a Petrobras anunciou um plano de investimento de R$ 3,5 bilhões para finalizar a fábrica de fertilizantes nitrogenados

2025 já está na metade e nenhuma movimentação de uma possível retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) ainda foi realizada em Três Lagoas. Em 2024, foi informado que a construção faraônica, parada há mais de uma década, estava apontada para ter início neste ano, mas até agora nada está sendo feito.

Silêncio sobre UFN3 predomina e Três Lagoas não vê nem sinais de retomada da obra, apesar das promessas

Na ocasião, o anúncio foi feito após reunião do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. O encontro contou com a presença da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e outras lideranças, incluindo o secretário estadual de Desenvolvimento, Jaime Verruck, e a diretora-presidente da MSGÁS, Cristiane Schmidt.

Estamos nos aproximando de um ano eleitoral, já que em 2026 os sul-mato-grossenses irão às urnas e será que mais uma vez o Governo vai enrolar a população de Três Lagoas? Com 81% da obra já concluída, o projeto tem como objetivo produzir fertilizantes nitrogenados e fortalecer a autonomia do Brasil no setor agrícola, mas até agora nada foi feito.

OBRA ESTRATÉGICA

A retomada é estratégica para o agronegócio brasileiro, reduzindo a dependência de importações de ureia e amônia e oferecendo maior competitividade aos produtores nacionais. Além disso, estima-se que a obra gere cerca de oito mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local.

Silêncio sobre UFN3 predomina e Três Lagoas não vê nem sinais de retomada da obra, apesar das promessas
Foto; Perfil News/Arquivo

Com a possível volta das obras da UFN3, os empresários vítimas do ‘golpe’ bilionário deixado pela petroleira chinesa Sinopec, sócia no Consórcio UFN-III que, na década ada, foi responsável pela construção da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas, ficam na esperança de um possível acordo com a Petrobras que possivelmente deve retomar a construção parada há dez anos.

CALOTE MILIONÁRIO

Os verdadeiros heróis, que acreditaram no projeto da UFN3 acabaram sendo vítimas. Com um prejuízo de mais de R$ 100 milhões, alguns seguem sem receber. Na época, até os trabalhadores que prestaram serviços no complexo levaram um golpe. Eles só conseguiram receber o que tinham direito, graças à intervenção do Sindicato da categoria, o  Sintiespav e da então juíza do trabalho que atuava em Três Lagoas, a Dra Daniela Peruca, a qual bloqueou o dinheiro da Petrobras até que os funcionários conseguissem ter seus salários e acertos trabalhistas pagos.

Um ofício chegou a ser encaminhado para a Petrobras, que pretende retomar a construção em Três Lagoas, paralisada desde 2014. O advogado Humberto Garcia de Oliveira, cujo escritório representa 82 empresas prejudicadas pelo calote da Petrobras, conversou com o Perfil News. Ele adianta que busca ser ouvido pela empresa que divulga a retomada da obra juntamente com o município e a câmara municipal.

Segundo o advogado, diversas empresas têm materiais e serviços dispostos na obra e não receberam, a exemplo de fundação de concreto, fiação elétrica, bem como serviços inerentes como lavanderia, alimentação, dormitório, uso de máquinas, etc. que estão na obra, mas não receberam.

O grupo de empresas que o advogado representa busca ser ouvido e ter uma justa tratativa com a empresa Petrobras, que não pode deixar o haver sem composição. Entendem que se há materiais e serviços na obra que não foram pagos, devem ser adimplidos justamente.

HISTÓRICO

Lançado em 2009, o consórcio UFN3 seria responsável pela construção da maior fábrica de fertilizantes do hemisfério sul. O consórcio era formado pelas empresas Petrobras, Galvão Engenharia e Sinopec.

Silêncio sobre UFN3 predomina e Três Lagoas não vê nem sinais de retomada da obra, apesar das promessas
Foto: Perfil News

As obras da unidade foram paralisadas em 2014, durante o auge da Operação Lava Jato. A Galvão Engenharia estava entre as empresas envolvidas no esquema de corrupção. Em 2024, a Petrobras anunciou um plano de investimento de R$ 3,5 bilhões para finalizar a fábrica de fertilizantes nitrogenados.

A UFN3 foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, transformando-os em 3,6 mil toneladas de ureia e 2,2 mil toneladas de amônia. O projeto, que teve sua construção iniciada em 2011 e paralisada em 2014, representa um investimento total de R$ 3,9 bilhões. Para sua conclusão, a Petrobras já provisionou R$ 3,5 bilhões e está em busca de parceiros estratégicos para operar a planta.

MS DISPARA COM OUTRAS OBRAS, MAS SILÊNCIO PREDOMINA QUANDO ASSUNTO É UFN3

O ano de 2025 está sendo ótimo, principalmente quando o assunto é o setor da celulose, que hoje em dia a região é considerada o ‘Vale da Celulose’. Três Lagoas foi a pioneira na celulose no Estado, na época a V, hoje, a Suzano se instalou com duas linhas na cidade. Em seguida, chegou a Eldorado Brasil, com uma linha e existindo a possibilidade de ter a segunda ainda em 2025.

Ao todo, em 2028, Mato Grosso do Sul, poderá operar com cinco fábricas de celulose, sendo as duas de Três Lagoas, uma Suzano em Ribas do Rio Pardo, a Arauco em Inocência e a Bracell em Bataguassu, na expectativa de receber mais uma linha da Eldorado. O Estado tem de tudo para se tornar a maior potência do setor no mundo. Com as indústrias, também vemos o crescimento do comércio de todas as regiões e do plantio de eucalipto que é a matéria-prima do setor e um negócio que está em alta no Brasil.

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