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sábado, 7 de junho de 2025

Retratos do Tempo: oficinas convidam servidores a refletirem sobre corpo, memória e envelhecimento

Num mundo onde o tempo parece correr mais do que os próprios os, a Subsecretaria de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa, vinculada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania), propõe a pausa como um exercício. Daquelas necessárias, que permitem respirar, olhar para dentro e, principalmente, reconhecer a beleza e os desafios do envelhecer.

Foi com esse propósito que nasceu o projeto “Retratos do Tempo”, um ciclo de oficinas voltado ao público 60+ em geral, e que agora, na campanha Junho Prata 2025, está sendo realizado com os servidores da Cidadania. A iniciativa, sensível e cuidadosamente pensada, promoveu um espaço de vivência, escuta e troca, em que cada participante pode se reconectar com sua própria história e refletir sobre a forma como o tempo molda não só o corpo, mas também a percepção de si e do outro.

A abertura trouxe a oficina “O tempo, o corpo e eu: percebendo a autoimagem e a autonomia da pessoa idosa”, conduzida pela professora Socorro Pompilho, da Residência Multiprofissional em Cuidados Integrados da UFMS/Hospital São Julião. “Help”, como é carinhosamente conhecida, abordou a autoimagem na maturidade, fazendo um convite ao pensamento do corpo não como obstáculo, mas morada e testemunha das vivências acumuladas ao longo dos anos.

Na segunda oficina, “Caminhabilidade: conectando pessoas a lugares, vivência e movimento”, a professora e especialista em ibilidade cultural Ivone Ângela dos Santos provocou reflexões sobre como nos deslocamos e pertencemos aos espaços da cidade. Mais do que mobilidade, o foco foi a vivência urbana com dignidade, segurança e conexão — principalmente para as pessoas idosas, que enfrentam desafios muitas vezes invisíveis nas calçadas e trajetos cotidianos.

Ministrante da primeira oficina, Socorro Pompilho enfatiza que é preciso que a sociedade consiga ser feliz na idade que tem. “Costumo colocar a palavra honrar no sentido de respeito por envelhecer. Se a gente parar pra pensar, quando tudo dá certo, a gente merece. Então, que essas pessoas que já aram por tanto tempo, por tantas experiências, tenham o nosso respeito, tenham a nossa iração e o nosso apoio para fazer os enfrentamentos necessários”, comenta.

Secretário-adjunto da Cidadania, José Francisco Sarmento, ressalta que “Retratos do Tempo” não apenas promoveu conhecimento, mas tocou memórias, provocou reflexões e valorizou o protagonismo das pessoas que compõem a Secretaria de Estado da Cidadania.

“Quando a proposta chegou até nós, já vínhamos fazendo uma provocação: todos nós, sem exceção, vamos envelhecer. Mas a pergunta mais profunda é: como eu compreendo o envelhecimento a partir da diferença? Porque temos o hábito de pensar apenas em nós mesmos — nas mudanças do nosso corpo, da nossa estrutura. No entanto, existem camadas mais complexas: a experiência de uma mulher preta, de uma pessoa indígena, de alguém trans. Essas questões atravessam todos nós. E se estamos numa Secretaria de Cidadania, como é que, como servidores, conseguimos entender o outro? Porque, ao tentar entender o outro, também nos entendemos — mesmo que isso seja difícil. Nossa vivência institucional precisa deixar de ser feita em ilhas. Que essa oficina seja uma semente, uma provocação para todas as outras iniciativas. Para que estejamos sempre juntos, em diálogo, em parceria, misturados e conscientes das existências que circulam por aqui.”

“Retratos do Tempo” encerra nesta sexta-feira (30), com a oficina “O que o tempo revela: imagens, memórias e o retrato na maturidade”, conduzida pelo fotógrafo Gabriel Quartin.

Paula Maciulevicius, da Comunicação da Cidadania

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